Drogas, sexo, violência, gravidez precoce e incitação ao crime. Qual a
relação dos estilos musicais com as práticas que afetam crianças e adolescentes
no Brasil?
Um país ainda em desenvolvimento, de ampla diversidade cultural,
pobreza, evasão escolar e tantas mazelas sociais.
Em meio a tudo isso, o que
se vê é o número cada vez maior de crianças e adolescentes envolvidos com o
mundo do crime, fora da escola e vítimas de gravidez precoce.
A cultura musical que ora educa e transforma vidas é também a que se
utiliza de segmentos da música para introduzir os conceitos de libertinagem e
apologia ao uso de drogas.
Uma pesquisa realizada na Universidade Federal de João Pessoa, estado
da Paraíba, buscou compreender a influência dos estilos musicais no
comportamento dos jovens.
Para isso, aplicou um estudo em 548 estudantes do ensino médio,
sendo (46,4%) de escolas públicas e (53,6%) de privada, e de maioria do sexo
feminino.
O resultado demonstrou que o público com condutas anti-sociais e
delitivas para o uso de maconha se relacionam diretamente com o estilo
musical anticonvencional, como é o caso do heavy metal e rap.
Ao inverso, os
que responderam ter preferência pela música religiosa e pop music,
apresentaram um comportamento contrário ao do primeiro grupo.
Embora a amostra apresente números que devem ser observados, ficou
evidente pelos pesquisadores que ainda há um campo muito vasto para se
pesquisar.
Influência dos estilos
Não é de hoje que o gênero musical persuade gerações. Na década dos
anos 1960, após o período pós-guerra, o estilo do Rock, nos Estados Unidos da
América (EUA), influenciou rapidamente a sociedade americana e logo se
espalhou pelo mundo.
No entanto, não foi apenas o Rock que conquistou adeptos. Junto com o
novo estilo considerado mais livre, também veio o consumo drogas e prática do
sexo mais liberativo. Foi após a influência desse gênero que surgiu o lema:
“Drogas, Sexo e Rock’n Roll”.
O que inicialmente parecia liberdade se transformou em prisão para
muitos.
O uso de entorpecentes mudou de forma negativa a vida de pessoas e
de famílias inteiras.
Na década de 90, outro estilo musical que ocupou espaço foi hard rock e
grunge. As composições eram voltadas para letras mais relacionadas à angústia
e à depressão.
Já em 2021, o estilo musical que influencia a geração atual no Brasil e
que alerta para o “perigo” cada vez mais iminente é o Fank. As letras em ampla
maioria fazem incitação à cultura da sensualidade e da sexualidade cada vez
mais precoce.
Para a assistente social e estudante de psicologia, Simone Farias, a
música é energia e movimento. Ela trabalha o pensamento, influencia o modo
de falar, vestir e de como se colocar diante do mundo.
“A música com influência negativa na vida das crianças e adolescentes
vem muito da questão familiar.
O que os pais, avós e tios escutam? A criança
reproduz aquilo que vivencia no seu meio.
Até os sete anos de idade a
formação de personalidade e caráter é um período crucial. A de se ter muito
cuidado e atenção naquilo que o ouve e falar”, alertou.
Enquanto muitas composições seguem de forma frenética
atuando para promover o desvio de conduta de uma geração, as
ações para impedir que mensagens imorais e perniciosa alcance
nossas crianças e jovens permanecem estagnadas no país.